Em pouco menos de 2 meses Jair será efetivamente eleito. Porém seu governo de transição não apresenta nenhuma calmaria diante da incerteza de sua governabilidade. 17 universidades e imprensas censuradas, ameaças vindo de seu garoto de mais de 30 anos em fechar o STF, ministérios sendo extintos ou sendo unificados, chanceler falando merda, positivista é um termo em extinção.
O medo que sempre foi constante e com concentrações diferenciadas, dependendo da posição que você ocupa no jogo das classes sociais, deu um grande pula adiante. Esse grande pulo muito devido a uma postura desrespeitosa do governante que não só passa o pano pra ações anti democráticas, autoriza as instituições de segurança pública a tratar tudo a base da bala e  responde à população na forma de um garoto mimado de 12 anos cercado com a sua turma.

O novo joguete republicano é desvalorizar a verdade (mais sobre esse tema) e eliminar quem não concorda com a conveniência do governo, essa trama formata pelo investimento nas desinformações de whatsapp feat acovardamento da grande mídia com seu discurso acalorado e populista conseguiu vencer uma eleição com mamadeiras de piroca e fecundando seu inimigo nº1, a esquerda.

A cada passo e despasso, a demonstração de despreparo e as escolhas de ministros populares para abafar os barra pesada aumenta a incerteza de até onde a pressão da oposição segurará seus mandos. Porém abre luz para uma bem bolada certeza, Jairzinho precisará fortalecer o seu discurso de eleger um culpado para seus erros.

E pasmem (como se já não tivessem). Nós somos os inimigos. Nós. Esses de “esquerda” que pastores estão a exorcizar, mas nada são mais que pessoas que acreditam no valor legítimo dos movimentos sociais, que acreditam que o ideal seja não só a igualdade de gênero, mas a igualde como uma regra geral e como base fundamental a ser alcançada. Esse momento lembra muito a poesia atualmente popstar de Bertold Brecht:

Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso

Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários

Mas não me importei  com isso

Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis

Mas não me importei com isso

Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei

Agora estão me levando

Mas já é tarde

Como eu não me importei com ninguém

Ninguém se importa comigo.

Isso pode ter sido escrito em outro século, mas continua significamente atual. E é nesse ponto que nós entramos.

Seremos os alvos de cada erro desse governo como eternas ovelhas de sacrifício, por isso a importância de desmoralizar a figura de Jairzinho e tirar esse clamor popular. Como já aconteceu em nossa história,  tudo indica que a violência será mais ainda banalizada, abafada, crimes políticos disfarçados de violência urbana com a mídia e seu grande rodo passador de pano. O enfrentamento real e com maior eficácia acontecerá atrás do palco.

Não é cliché, mano Brown mandou o caminho, precisamos dialogar e estar junto com todo mundo do nosso dia a dia, do padeiro que é simpático, do porteiro que conversa contigo sobre o tempo e futebol, do cara que prepara aquele lancho safado de bom no buteco, e obviamente, com nossos amigos. Resumidamente precisamos ampliar nossa voz e ter apoio da galera que também não quer ver a ditadura reinando, mas caiu nessa rede de desinformação por causa de sua indignação legítima com a política.

Pra não ser só mais um reclamão de twitter, é preciso ter malemolência, paciência e realmente querer trocar horas da sua vida pra fazer resistência.

Acreditamos que possa haver outras formas, mas coletamos aqui algumas propostas:

É muito importante dar prioridade para embates físicos dos temas que forem surgindo na maré de discórdia de Jair, como por exemplo, a culpa de tudo ser sempre do PT e porque o fim do Ministério do Esporte é ruim, de forma segura e com pessoas que se mostrem abertas ao diálogo, pois nossas redes sociais acabam limitando o alcance fora da nossa bolha social. Essas são formas significativas para mostrarmos que não somos monstros, mas pessoas que pensam diferente e querem debates sem fake news.

Sempre que houver uma manifestação neonazista, racista, machista e de toda forma de desrespeito precisamos estar juntos no dia seguinte, reprimindo essa atitude, frente a frente, mostrando que somos maiores em tudo, em pessoas, em conteúdo e em respeito.

Pensou em alguma outra forma? Nos envie por email em [email protected] que tendo bastante retorno, disponibilizaremos online, para que possamos preencher cada vez mais esse quadro e encontramos soluções para resistirmos e viramos o jogo.FJF

Indicações de leitura e fontes:

Treta dos ministros de Jairzin

O plano de oposição da AzMina

 

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A l i n n e   M a r t i n s

Bacharela em artes e design pela UFJF, mob.acadêmica em Design pela UFPR.  Atualmente diretora de arte, jardineira e está na batalha pelo seu mestrado na área de arte, política e cultura latina.