Há um senso comum de que “o pior cego é aquele que não quer ver”.

Infelizmente essa máxima é a realidade de muitas pessoas quando o assunto é se informar, gerando muitos transtornos para quem toma pra si esse senso, principalmente ao tratar-se de política.

A importância de compreender desde do básico o que é esse paranauê de politica é indispensável para qualquer pessoa que pretenda viver em sociedade, já que todos temos uma parcela de responsabilidade no girar dos motores. Por isso, antes de prosseguir, indicamos esse texto para dar aquele help Diálogo como resistência?

Toda essa convicção de uma corrupção generalizada tendo o PT como personagem central, é um bom exemplo do senso comum afirmado acima, pois ao ter o candidato do PSL envolvido com diversas acusações, como caixa 2, propina, que inclusive foi respondida com um “qual partido não recebe?” e benefícios ilegais, fica claro que a anticorrupção não é a única coisa nesse cavalo de tróia.

Então, porque mesmo com todas as provas , depoimentos do próprio Jair e indícios, ainda há pessoas que o vê como a imagem da anticorrupção e enxerga o caso Lula, com suas provas controvérsias e formada por convicções, uma certeza condenada?

 

Uma certa acomodação quando o assunto é política e conhecimento, nos tornou suscetíveis a verdades construídas a cumprir interesses alheiros, pois nunca nos ofereceram um manual transparecendo qual processo essa tal verdade passou ou que fontes foram buscadas, especifícamente. E com a ausência de conhecimento, dificilmente utilizaremos da história como fator decisivo.

Essa acomodação não pode ser vista apenas como uma espécie de mea-culpa, pois engloba vários fatores, como as consequências das redes e sua “bolha social”, a ausência eterna de diálogos sobre a formação básica de um cidadão e investimento de ações de incentivo a educação política à parcelas mais pobres, vindo tanto do governo como da população mais lúcida, o distanciamento do “outro”, nosso completo desconhecimento de como se informar, a equação trabalho –  tempo = alienação.

É nesse cenário que uma candidatura pregada pelo medo como forma de colocar as pessoas em casa, e pela farsa como forma de convencimento e incentivo ao plano da ação de seus seguidores ganhou força.

Na história da filosofia, sempre esteve presente a discussão entre a busca pela verdade. A verdade só cumpri sua função, se for no caminho oposto à farsa pelos fatos e estiver acompanhada da união entre a moral e o conhecimento, o que faz com que o discurso de Jair de politicamente incorreto, seja completamente contraditório para politicar.

Um primeiro ponto a pincelar, que não aprofundarei, mas vale a nota, é a relação da verdade com a religião bem marcada no âmbito das eleições com o apoio do nicho evangélico em um número substancial à candidatura de Jair.

De forma superficial é possível ver que ao colocar a verdade no altar junto a um deus oculto ou espaço divino, resulta em uma segregação do conhecimento, pois ao estabelecer uma fonte determinada e privada de informação, onde esta alocada a verdade, gera o que chamamos de preconceito dos filósofos, onde tudo que não saia dessa caixa dos altos sacerdotes, esta atrelada ao profano e a inverdade, seja direta ou indiretamente, dependendo da dialética do seu pastor, sem nenhum tipo de debate com outros setores da sociedade de forma transparente.

Podemos dissertar por séculos, como já é feito, sobre o conceito de verdade, mas devemos concordar que a nossa escolha sobre como enxerga-la não é algo do mundo metafísico e está aí, mais viva do que nunca, podendo alterar completamente a direção do nosso progresso.

Da mesma forma que a religião, outros nomeados como detentores do saber estabeleceram suas verdades de acordo com suas convicções e necessidades. A verdade é algo a ser construída, apenas se nela estiver atrelada ao progresso da moral e os laços políticos de uma sociedade democratica. Não basta sermos animais racionais para seguirmos automaticamente um futuro no mínimo desejável, precisamos ergue-la, com uma base sólida.

A verdade nunca pode ser vista como um entidade isolada.

Todo esse caminho para mostrar esse ponto de vista, de que a verdade não é algo adquirido espontaneamente, que essa discussão é algo milenar, de Nietzsche à Aristóteles, mas que está tão presente em nossas vidas como passas no natal.

Qualquer meio de comunicação, seja jornais de grande circulação, o pastor ou essa camarada que vos fala, tem um interesse ao se expressar. Mas no fim, diz mais respeito sobre compreender que lado supre os seus interesses morais e materiais, do que apenas em si a verdade final. Enxergar qual é a sua real posição no mundo e em que classe você está nesse sistema, atualmente, pode significar muito sobre sua sobrevivência.

Filtro anti fake news
Para ajudar, selecionamos algumas informações que podem ser usadas na hora de conferir se é fake news ou não. As informações foram tiradas dos dados da Universidade de Oxford, nesse link

Profissionalismo: Fontes que não fazem uso de padrões e boas práticas como abster de fornecer informações claras sobre autores, editores, e proprietários reais. Não publicam correções ou retificações de informações.

Estilo: Fontes que usam um tipo de linguagem emocionalmente pesada, com expressões emotivas, hipérboles, ataques ad hominem, manchetes enganosas, uso excessivo de maiúsculas, generalizações arriscadas e o uso de imagens muito comoventes.

Credibilidade: Fontes que se baseiam em info falsas e teorias conspiratórias, que muitas vezes são empregadas estrategicamente.

Elas noticiam informações sem consultar fontes diversas e não realizam a verificação dos fatos.

Viés: Textos dessas fontes são altamente enviesados, ideologicamente distorcidos ou hiper partidários e as notícias frequentemente incluem comentários fortemente opinativos.

Falsificação: Essas fontes imitam notícias de fontes reconhecidas. Elas falsificam fontes, marcas e padrões de estilo.

Comentários e notícias falsas são estilisticamente disfarçados de notícias, com referências a agências de notícias e fontes confiáveis, além de manchetes escritas em um tom de notícia com carimbos de data, hora e local.

Um trem russo. Conteúdo produzido por fontes de notícias e informações reconhecidamente russas.

Indicações de leitura e fontes:

Bolsonaro Caixa 2 e fake news.

Caso Lula.

Artigo sobre o conceito de verdade de Nietzsche, por Gustavo Arantes, doutor em filosofia pela Puc-Rio.

 

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A l i n n e   M a r t i n s

Bacharela em artes e design pela UFJF, mob.acadêmica em Design pela UFPR.  Atualmente diretora de arte, jardineira e está na batalha pelo seu mestrado na área de arte, política e cultura latina.