O TAL DÉFICIT DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

O liberal nosso de cada dia nos apresentam alguns discursos prontos, que aparentemente não tiveram o esforço de refletir, sobre esse assunto tão polêmico e que a maioria da população também não está engolindo, o tal do déficit e quem tem que pagar.

Para um país que está desde de 1997 gastando mais do que arrecadando, por diversas razões, do desemprego em alta, diminuição da natalidade, aumento da expectativa de vida, o aumento da informalidade, acreditar que a previdência será salva sem cortar os principais benefícios dos alta renda e direcionar o montante para os bancos administrar, é quase como acreditar na terra plana.

Ao mesmo tempo, é difícil botar fé na eficiência dessa reforma se é vindo de alguém que tem na linha de raciocínio o incentivo a informalidade, afirmando que as leis trabalhistas:

“Têm de se aproximar da informalidade”.

 

Tacando o verdadeiro foda-se para a segurança financeira dos trabalhadores, como se na cabeça deles, um trabalhador tem mais voz que uma multinacional e que todas as empresas pagam as horas extras, garantem um local de trabalho e descanso decente e afins.

E olha, defender uma das causas da ineficiência da previdência, a informalidade com:

“As leis trabalhistas prejudicam o trabalhador” é no mínimo contraditório, pra não falar um tiro no pé.

E aqui fica uma questão: se alguém é investigado de fraudar os fundos de pensão e sofre um inquérito na PF pelo prejuízo de 200 milhões, você o chamaria para cuidar da sua aposentadoria?

O Bolsonaro sim.

O  CONTRADITÓRIO

Aqui te daremos mais um enigma para resolver e passar para o próximo tópico.

Se um cara fala que: “Se aposentar aos 65 anos era desumano” durante a campanha.

Em um vídeo afirma: “Quem passa dos 60 já está com prazo de validade vencido”

E depois, em outro (esse gosta da live) diz que a reforma do Temer, com idade mínima de 65 anos não seria aprovada.

Agora o cara afirma que quer geral se aposentado mais tarde, por causa do tempo de contribuição.

a) Ele não bate bem

b) Pura hipocrisia

c) A culpa é do PT

d) Agora pode, porque agora eu coloco tudo no sigilo e tiro a minha boquinha a custo do povo.

 

O ESCONDE ESCONDE DOS DADOS DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Como o governo adora fazer metáforas, vamos fazer a nossa.

Se você, que quase não tem grana sobrando, toda a renda vai pra pagar boleto e com um pouquinho que sobrou de algumas horas extras, que foram pagas, você decide reformar sua casa, que tá dando mais despesa que descanso. Você faria isso sem saber qual o custo, qual o material usado e quem será o responsável?

É isso que o tal mito quer fazer. Mito mesmo, porque não parece real esse absurdo.

O governo afirma serem “dados preparatórios”, tá e daí? Por isso não podemos ver esses dados que estão sendo construídos a custo da nossa previdência? Oi? Abrir, mostrar de onde tiraram os dados ele não quer, mas votar na pressa na CCJ a reforma, ah isso ele quer muito, taoquei?!

Além disso, ao apresentar a proposta para o Congresso Nacional, esses dados não podem ser mais “preparatórios”, é completamente inadequado e inclusive, contradiz com a própria Lei de Acesso à Informação.

Nós que vamos ser os mais afetados por essas medidas, não podemos saber de onde tiraram as estatísticas. Não duvidamos que encontraremos no futuro um powerpoint cheio de convicções.

DESIGUALDADE ENTRE OS ESTADOS

Dentro da discussão da aposentadoria por tempo de contribuição, a situação é bem simples.

A população mais pobre tem uma dificuldade maior em completar o tempo de contribuição, isso é explicado pelo desemprego em alta, por estarem sujeitos a trabalhar mais tempo na informalidade, inclusive os trabalhadores do campo.

Sem contar na diferença de idade em diversos estados, onde muitos estão pau a pau entre a expectativa de vida e a idade que possivelmente as pessoas terão ao terminarem sua contribuição.

Se considerarmos as estatísticas de que mulheres, principalmente as do campo, e os negros são as maiores parcelas que estão na informalidade, já sabemos quem vai trabalhar muito mais pra tentar alcançar, se alcançar, a aposentadoria.

SEM A REFORMA DA PREVIDÊNCIA O BRASIL VAI PARAR.

A previdência precisa de reformas, principalmente se considerarmos os grandes privilegiados, como os bancos Bradesco, Caixa Econômica Federal, Marfrig, JBS e  tan tan tan… a Vale que somam rios de dinheiros em dívida ao INSS.

Agora com isenções, desonerações e renúncia fiscal já se vão mais uns 57 bilhões fora da previdência.

Um outro privilégio que Bolsonaro nem passará perto, é o corte de pensão para filhas e dependentes de militares. São 6 bilhões por ano, e as filhas de militares ainda tem mais um bônus que as filhas dos servidores civis não tem: podem se casar.

 Vamos pincelar um último ponto nesse tópico que é: o medo é a melhor arma para qualquer convencimento, é da natureza de qualquer animal a busca pela sobrevivência e o medo entra como esse alerta, já que uma crise financeira representa a falência/morte do homem moderno.

Essa linha de pensamento é mais comum do que se pensa ‘’Como não vou apoiar se o país vai parar, meu comércio não vai vender e as contas vão continuar vindo? Falência? Não, então vamos reformar essa porra! “ Uma boa estratégia, taoquei?!

OS TRABALHADORES INFORMAIS

CLT tá virando ouro, o que mais tem é terceirização e o crescimento da informalidade.

O presidente falou que informalidade é bom. Como? Se quanto mais pessoas na informalidade, menor o arrecadamento da previdência?! Essa conta nem a Nazaré resolve.

A REFORMA DA PREVIDÊNCIA É MACHISTA

Nessa nem precisamos da Nazaré pra equacionar.

O governo ignora completamente as mulheres, principalmente o setor mais pobre, que possui uma dificuldade maior para atingir o tempo de contribuição mínima. Boa parte está na informalidade como as domésticas, muitas precisam parar por um tempo para cuidar dos seus filhos, além de ignorar que as mulheres trabalham cerca de 7,5 horas a mais que os homens e possuem mais turnos extras também.

Igualar o tempo de contribuição para ambos, é desrespeitar o trabalho de cada mulher. Talvez seja a forma que o presidente achou para lidar, depois do grande movimento Mulheres contra Bolsonaro, com seu Ele não!

ENCERRANDO OS TRABALHOS

Agora chegando nos fins, precisamos lembrar que a mudança para o sistema de capitalização, coloca nossa previdência nas mão dos mesmos que te atormentam com taxa de juros e telemarketing, OS BANCOS.

Se tem um privilegiado de peso, esse tá bem representado naquele cartãozinho magnético na sua carteira.

A l i n n e M a r t i n s

Bacharela em artes e design pela UFJF. Mob.acadêmica em Design pela UFPR. Atualmente ilustradora, designer e comunicadora em alguns movimentos sociais, segue estudando temas relacionados com política, arte e indústria cultural.