“Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”. – Jair

Pra começar precisamos dar uma passada, calma é rolê rápido, no mundo dos filósofos que nos descreve a palavra “ideia” como a base para o pensamento e para o conhecimento.  Já a realidade, o que seria nesses termos? O real aqui considerado são ideias ou representações aplicadas à coisas e experiências de sociedade que acumulamos através da evolução humana, dando sentido a realidade e fazendo com quem ela exista para nós.

Com a realidade sendo essa espécie de movimento de aprendizado e significados, esse trem de ideologia entra como um apanhado de características que definem a sociedade de acordo com um grupo e suas experiências, como as coisas são e como deveriam ser. Sacando por outro ponto de vista, nada mais é como uma personalidade unificadora de valores. Isso é bom ou ruim? Para saber, temos que  analisar alguns pontos, por exemplo,  o nazismo sendo uma ideologia em que parte dos seus valores é a perseguição racial, que convenhamos é totalmente cuzisse, claro que não seria bom.

Além de unificar, a ideologia pode produzir “verdades” sobre temas que favoreçam esse mesmo grupo. Que bosta né?! Muitas vezes sim, depende a quem esta a defender, por exemplo quando usam da ideia de liberdade para apoiarem o consumo, criando uma semelhança que nunca existiu, mas que te cria a ilusão de que quanto mais você comprar, mais perto da liberdade e consequentemente, mais perto da felicidade.

Ideologia A x Ideologia B

Quando alguém afirma que vai acabar com ideologia x, há uma boa change de estar criando uma nova ideologia como ferramente de controle social aumentando a tensão nacional, principalmente quando se basea apenas na perseguição de opositores e pouco em teorias de progresso popular. Familiar né?!

Essa ferramenta pode muito bem inverter valores ao dizer que “a esquerda só tem vagabundo”, sem nenhum dado que comprove e muito menos indícios disso, colocado-as em posições diferentes de suas realidades, podendo usar dessas fakes para justificar seu silenciamento.

É bem simples, e inclusive, já estudamos algo assim na escola. Pra alguns vai ser foda lembrar depois de anos, por isso vamos dar aquela sintetizada marota.

Macarthismo – O cenário é os anos 50 e vemos os E.U.A vivendo aquela tensão com a União Soviética. Um nome, Joseph Raymond McCarthy e sua cruzada anticomunista chamada macarthismo acusou sem provas, julgou e matou pessoas por um mínimo de tendência comunista que ele enxergasse. Enfatizando que era ele quem decidia.

Bolsonathismo

Mas camarada, não viaja, hoje não tem mais a guerra fria. Mas tem uma perseguição a juízes progressistas acontencendo no Brasil , tem ministro da Casa Civil mandando pra rua funcionários com o “vamos tirar todos que têm marca ideológica clara” e tá tendo MEC retirando material didático com viés de esquerda de Instituto para surdos.

O inimigo público

Quando o governo ataca verbalmente uma ideologia, como acontece no Brasil, é a declaração de que se elegeu um inimigo público, o culpado pelo insucesso, não necessariamente uma culpa justa. Isso é fácil de se ver em um Brasil onde pastores que representam uma grande força de divulgação de ideologia religiosa (e votos) estão crucificando uma suposta doutrinação de esquerda no antigo Brasil socialista que ama mamadeira de piroca (wtf?!).

A figura do presidente com aquela baléla que representa o senso moral e postura que consideramos a mais adequada, faz promessas famigeradas de perseguição, ele inclui no senso comum essa repulsa pelo outro e que por mais que volte no moonwalk boa parte dessas ameaças, essas falas banalizam e colocam em cheque qualquer intenção de prevenir a violência por diferença ideológica por parte do governo.

Nossa história atual, se reparar na treta toda, encontra umas semelhanças marotas com o que uns chamam de o Grande Irmão e que pra nós tá mais pra pernilongo sugador de riquezas naturais alheias, os E.U.A. Lá  a culpabilização de boa parte dos problemas, o motivo do país ter tanta desigualdade, a ausência de saúde e educação superior gratuita, o Vortex Polar e  do fim decepcionante de Lost são principalmente, dos imigrantes. Aqui no Brasil traduzimos o conceito do imigrante mal para a esquerda vagabunda.

Travar guerra contra uma ideologia pode ser uma boa estratégia para se sair da democracia liberal sem que muitas pessoas note. Como? De diversas formas, como criar polêmicas de rosa e azul  e jesus na goiabeira pra assinar a lei do acesso, diminuindo a transparência do governo ou ainda usando o perigoso inimigo comunista russo cubano gayzista para justificar medidas de segurança, que nada mais são do que formas de calar quem for contra a essa conturbada ideologia bolsonarista.

Devemos nos atentar as prioridades governamentais, sem esquecer de todas as declarações bizarras que esse governo ainda soltará no campo do comportamento e liberdade, uma boa isca pra nós esquerdopatas que adoramos bater boca sobre (com razão). Da mesma forma que no feminismo o “Não serei livre enquanto houver mulheres que não são, mesmo que suas algemas sejam muito diferentes das minhas” é válido na voz de Audre Lorde.

Na realidade atual desse nosso brasilzão, não podemos discutir se os meninos são príncipes e se as meninas são princesas se fomos fugir de discutir trabalho de base, a previdência, os desempregados, a segurança pública, os sem tetos e afins.

Indicações de leitura e fontes:

Mais sobre a cruzada anticomunista

Um livrinho com conceitos sobre ideologia

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A l i n n e   M a r t i n s

Ativista e bacharela em artes e design pela UFJF, mob.acadêmica em Design pela UFPR.  Atualmente diretora de arte, jardineira e está na batalha pelo seu mestrado na área de arte, política e cultura latina.